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Quando o Corpo Fala: Entendendo os Sintomas Físicos da Depressão

Anton Tchekhov, com sua sensibilidade ímpar para a condição humana, certa vez escreveu que “quando a alma sofre, o corpo também se compadece. Não há dor que seja órfã de sentimento.” Essa frase resume uma verdade que muitas vezes tentamos ignorar: a nossa biologia e a nossa biografia são inseparáveis. Talvez você já tenha vivenciado isso na pele. Você já acordou se sentindo como se tivesse corrido uma maratona enquanto dormia? Ou talvez conviva com uma dor nas costas persistente que nenhum exame de imagem detecta e nenhum remédio cura definitivamente? É possível que o problema não esteja na densidade do seu colchão ou na sua postura diante do computador. Às vezes, quando nossa boca cala sobre as tristezas que carregamos, nosso corpo começa a gritar. A depressão nem sempre é apenas um choro no escuro; muitas vezes, ela é um corpo exausto tentando desesperadamente sinalizar que a alma precisa de cuidados.

Infelizmente, nossa cultura nos ensinou a tratar a mente e o corpo como vizinhos distantes que mal se falam, criando um muro artificial entre o que sentimos e onde dói. A explicação central que precisamos abraçar é a derrubada desse muro. A somatização não é “coisa da sua cabeça” no sentido de ser inventada ou falsa; ela é a biologia da emoção. Quando o cérebro está sobrecarregado por angústia, tristeza ou medo — sentimentos comuns na depressão —, ele envia sinais de alerta constantes através do sistema nervoso, inundando o organismo com hormônios de estresse, como o cortisol. O resultado fisiológico é imediato: músculos que se contraem em defesa gerando dor, digestão que para gerando desconforto e energia que se esgota, resultando em fadiga. Portanto, a dor física do deprimido é real e fisiológica, e não uma falha de caráter ou um pedido de atenção.

Para ilustrar como isso acontece na prática, podemos observar o caso de “Marcos”. Ele é um arquiteto competente que jura para todos que está bem, alegando apenas que “trabalha muito”. No entanto, todo domingo, por volta das 18h, uma enxaqueca lancinante começa na base do seu crânio. Ele toma analgésicos e culpa a mudança de temperatura, ignorando que, emocionalmente, sente-se desvalorizado no escritório e teme a segunda-feira. O corpo de Marcos, antecipando o ambiente hostil, tensiona os músculos do pescoço, especificamente o trapézio, em uma postura de defesa inconsciente. A dor não é imaginária, mas a causa raiz não é neurológica; é a tristeza e a ansiedade somatizadas que ele se recusa a processar. Isso demonstra como a tensão muscular e as dores de cabeça tensionais são, frequentemente, manifestações de conflitos não resolvidos.

Essa dinâmica não escolhe profissão ou intelecto. Até grandes mentes da história sofreram com isso. Charles Darwin, o pai da teoria da evolução, padecia de doenças misteriosas, incluindo eczemas, enjoos violentos e palpitações que o deixavam de cama por dias. Médicos da época nunca encontraram uma causa física clara, mas hoje, historiadores e psiquiatras concordam que Darwin sofria de transtorno de pânico e agorafobia severos. Seu corpo manifestava, através do vômito e da pele, o medo paralisante que ele sentia da crítica social às suas teorias revolucionárias. Além dos sintomas internos, estudos mostram que a depressão altera até a nossa estrutura externa, criando uma “Postura da Depressão”: uma tendência ao fechamento, com ombros caídos para frente e olhar para baixo. Curiosamente, essa é uma via de mão dupla, pois forçar uma postura curvada por muito tempo pode induzir sentimentos de apatia e memórias negativas no cérebro.

É fundamental também aprendermos a diferenciar fadiga crônica de preguiça, um julgamento cruel que muitos pacientes enfrentam. A sabedoria milenar já apontava essa conexão, como vemos em Provérbios 17:22: “O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido virá a secar os ossos.” Quando o texto bíblico fala em “secar os ossos”, descreve perfeitamente a sensação de falta de vitalidade. A preguiça é uma escolha de não fazer; a fadiga da depressão é a incapacidade de fazer, mesmo querendo. Santo Agostinho nos oferece uma chave de leitura profunda para isso ao dizer que “a dor é uma espécie de violência que a alma impõe a si mesma quando não aceita a sua condição.” Essa violência interna drena a bateria vital, deixando o indivíduo sem recursos para as tarefas mais simples.

Vivemos um momento crítico para entender esse fenômeno. Portais de saúde relatam que, no cenário pós-pandemia, consultórios de ortopedia e gastroenterologia estão lotados de pacientes cujos exames clínicos são normais. A Associação Brasileira de Psiquiatria tem alertado para uma verdadeira “onda de somatização” decorrente do estresse coletivo dos últimos anos. Diante disso, como podemos aliviar essa tensão? A resposta pode começar com o desafio do “Escaneamento Gentil” (Body Scan). Hoje à noite, antes de dormir, convido você a não fugir do seu corpo. Deite-se, feche os olhos e, em vez de julgar a dor no ombro ou o aperto no peito, apenas diga “olá” para eles. Comece pelos pés e suba a atenção até a cabeça. Onde estiver tenso, não force o relaxamento; apenas respire e pergunte: “O que essa tensão está segurando que eu não precisei dizer hoje?”. Validar a dor é o primeiro passo para que ela não precise mais gritar para ser ouvida.

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SOBRE O AUTOR:
Josias Moura de Menezes

Possui formação em Teologia,  Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Licenciatura em Matemática. É especialista em Marketing Digital, Produção de Conteúdo Digital para Internet, Tecnologias de Aprendizagem a Distância, Inteligência Artificial e Jornalismo Digital, além de ser Mestre em Teologia. Dedica-se à ministração de cursos de capacitação profissional e treinamentos online em diversas áreas. Para mais informações sobre o autor veja: 🔗Currículo – Professor Josias Moura

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